domingo, 13 de janeiro de 2013

Quando Sinatra me tocou

O mundo ainda se limitava a formas de no máximo um metro. E naquela paisagem de luz, bolas de futebol e pedras portuguesas,,,

Em férias escolares, ainda que no resto do ano as coisas não fossem sentidas de forma tão diferente, a limitação de minha rua começava a incomodar. À espreita, entre uma atividade e outra, sempre estava meu pai, e a conversa das mães na rua, tão costumeira, naquele momento respeitava a pausa para a novela. Ainda que o sol da tarde fosse um castigo no consenso adulto, posso garantir que variações na temperatura ambiente não ocupavam em nenhum instante sequer o pensamento de qualquer um de nós (pequenos). O grupo tinha sua composição constantemente alterada, mas via de regra flutuava entre 4 e 8.

 Aquela "pressa pra tudo”, que não se explica, hoje se vê timidamente justificada no entendimento de que a qualquer momento se era fisgado pra dentro de casa, por um grito supostamente nervoso, ou por uma antecipação consciente (e temerosa) de ser exposto ao vexame do mesmo. O que mais pode ser dito? Era ele, aquele que até então eu não precisava conhecer, aquela presença elegante cruzando a confusão da minha rua. Os seus poucos passos após saltar do carro, ainda que não demandassem mais do que a atenção da minha visão periférica, certamente contribuíram para a mistura que hoje sou. Ao sentir sua mão tocar minha cabeça só tive tempo de responder com um sorriso de meia boca, e então ele sumiu,e só viria aparecer novamente em minha vida , 10 anos depois.

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