terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Minha opinião sobre o artista Pablo do Arrocha

Sensacional! O comportamento humano é adaptável e nossos sentimentos são externalizados de acordo com alguns elementos que constituem a identidade de cada povo em todos os cantos do planeta. O meio em que vivemos, as tradições que nos são transmitidas ao longo da vida, interferências externas que por inúmeros motivos possam ter mudado radicalmente os costumes de todo um país... Tudo isso de fato é o que torna especial cada tribo, cada área geográfica habitada, todos os povos. Apesar disso, saber que somos únicos como indivíduos, e que por isso todo estímulo a que somos submetidos e suas posteriores reações e consequências só podem ser agrupadas de forma imperfeita e superficial, nos dá a dimensão da importância que cada um de nós possui.

 É natural, entretanto, que alguns sentimentos sejam universais e pouco transmutáveis, e são esses sentimentos os responsáveis pela ainda existente unidade planetária que, embora frágil, ainda nos mantém como seres que agem em conjunto pelo bem de nosso ambiente aqui na Terra. Tenho certeza de que a paixão e a dor que Pablo transmite nesta letra podem ser encontradas tanto na Bahia, onde foi criado o arrocha, quanto em um pequeno vilarejo de 8.553 pessoas no sudeste do Afeganistão.

 Quem nunca se sentiu perdido e desamparado com o término de uma relação? Quem nunca se sentiu sem chão diante da dura realidade que é continuar a vida sem a pessoa amada? Quem nunca teve como maior desejo apenas ter mais uma chance de encostar nariz com nariz com quem a gente gosta e fazer bilu bilu? Pois é isso que Pablo nos dá.

O arrocha é a condensação dos sentimentos mais universais expostos de um ponto de vista extremamente regional. A meu ver Fernando Fontanella é muito feliz quando afirma que "o imaginário do belo sempre é pensado pelas instituições da hegemonia dentro de uma legitimação dos grupos dominantes". Sendo assim, só resta a marginalização a esses gênios que lidam com a essência do mais profundo e abrangente, e que por não pertencerem a grupos específicos e nem terem sido submetido aos rigores e rituais de uma formação musical tradicional, se veem destinados a estigmas e considerados muitas vezes como artistas menos qualificados em relação a outros que se encaixam em perfis estabelecidos.

 Observe a letra de “vivo sonhando”, composição de Tom Jobim, reproduzida abaixo. Repare que apesar de tratar dos mesmos sentimentos observados em “bilú bilú” a aceitação de Tom Jobim é muito maior do que a de Pablo. E em nenhum momento, desde o surgimento e consagração do maestro, houve qualquer tipo de crítica que pudesse colocar em dúvida a autenticidade e qualidade da obra do mesmo.

  Vivo sonhando (Tom Jobim) "Outra vez Sem você Outra vez, sem amor Outra vez Vou sofrer Vou chorar Até você voltar Outra vez Vou vagar Por aí Pra esquecer Outra vez Vou falar Mal do mundo Até você voltar Todo mundo me pergunta Porque ando triste assim Ninguém sabe o que é que eu sinto Com você longe de mim Vejo o sol quando ele sai Vejo a chuva quando cai Tudo agora é só tristeza Traz saudade de você Outra vez Sem você Outra vez Sem amor Outra vez Vou falar mal do mundo Até você voltar Até você voltar

 "Bilú bilú Atenda Escute um pouco Me entenda Eu sei que o povo comenta A nossa separação Amor É fato Ando sofrendo calado Escute o meu desabafo Eu quero te falar Mas eu juro que eu queria aquele olhar de perdão No ar Como criança em seus braços Eu me sinto um rei de sangue azul Gosto quando encosta em meu nariz e faz Bilu Bilu Bilu Bilu Quando estou em seu abraço Eu me sinto um rei de sangue azul Cola agora sua boca em mim e faz Bilu Bilu Bilu Bilu Sem você não chego a lugar nenhum Meu Bilu Bilu Bilu Bilu Vou te levar a sério O nosso amor não é comum Meu Bilu Bilu Bilu Bilu Me dê mais uma chance Prometo não ser mais um Meu Bilu Bilu Bilu Bilu"

terça-feira, 29 de julho de 2014

Deitei – me com Barata

Todo o prazer daquele impulso de repente se foi, diluído em suor frio e no incômodo da dor. Deitei-me com barata, mesmo que ele nunca tivesse me demonstrado desejo. Seu semblante atordoado pela emoção da oportunidade, que certamente seria única, evidenciava a pressa que se sobrepunha a qualquer tipo de capricho. Eu esperava lá, deitada, arrependida, desgostosa comigo mesma, mas tinha que dar meu melhor pra Barata agora, levar em frente a decisão tomada.

 Foi quando o constrangimento se tornou insuportável que percebi que havia me tornado mulher. Não pelo ato, cuja prática já havia deixado de ser um passeio pelo desconhecido, mas pela consciência do quão valioso aquilo era, e da facilidade com que já havia me entregado algumas vezes a outros meninos. Eu sou agora um prêmio do Barata, e quando ficarmos velhos, certamente ele se regozijará ao lembrar-se de como sua juventude foi boa, e de como minha carne, assim como a carne de outras conquistas suas, era macia, e principalmente de como eu escorria de prazer nesse dia.

No momento em que Barata tirou minhas meias veio o click. Eu já estava totalmente despida, mas ele despiu minha alma ao puxar minhas meias pelas pontas, e expôs à vergonha os primeiros raios de consciências que emanavam de minha cabeça infantil. Tentei buscar conforto friccionando minhas solas na roupa de cama macia, e um frio na barriga despertou em mim o necessário para que Barata não tivesse dificuldades em me penetrar. Não fazia mais sentido lutar, ele já tinha o que queria, e agora de uma forma estranha eu também me sentia parte do Barata.